quarta-feira, agosto 30, 2006

Passagem das Horas


Trago dentro do meu coração

Como num cofre que se não pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

[...]

Fui educado pela Imaginação,

Viajei pela mão dela sempre,

Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso,

E todos os dias têm essa janela por diante,

E todas as horas parecem minhas dessa maneira.

Fernando Pessoa (- Alvaro Campos -)


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