segunda-feira, maio 09, 2011

A visita

Com as janelas e as portas abertas, o vento do final de tarde trazia alívio para a casa.

Um assoalho de madeira brilhante refletia a luz do sol poente, até encontrar a escuridão do final do corredor, deixando um fio de luz entrar pela porta entre aberta.

Eu estava de pé, entre a sala e o corredor, espiando com o canto dos olhos, pelo canto da janela, a esquina da rua deserta. Fiquei tantas horas esperando que tive vergonha de não ter desistido, me fiz de esquecida, de conformada e fingi não mais olhar.

Eu vi suas botas, sua calça surrada, barba mal feita, unhas por cortar, um olhar de normalidade e o abraço que me visitava de passagem. Meu coração bateu carinhosamente raivoso, pela volta e pela demora, rendeu-se aquele pouco, jurando que não precisaria de mais, nunca mais.

Menti, estou aqui de pé, entre a sala e o corredor, jurando que preciso de somente um abraço mais.

Nenhum comentário: