Com as janelas e as portas abertas, o vento do final de tarde trazia alívio para a casa.
Um assoalho de madeira brilhante refletia a luz do sol poente, até encontrar a escuridão do final do corredor, deixando um fio de luz entrar pela porta entre aberta.
Eu estava de pé, entre a sala e o corredor, espiando com o canto dos olhos, pelo canto da janela, a esquina da rua deserta. Fiquei tantas horas esperando que tive vergonha de não ter desistido, me fiz de esquecida, de conformada e fingi não mais olhar.
Eu vi suas botas, sua calça surrada, barba mal feita, unhas por cortar, um olhar de normalidade e o abraço que me visitava de passagem. Meu coração bateu carinhosamente raivoso, pela volta e pela demora, rendeu-se aquele pouco, jurando que não precisaria de mais, nunca mais.
Menti, estou aqui de pé, entre a sala e o corredor, jurando que preciso de somente um abraço mais.
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